Lira XXXI
( parte II )
Roubou-me, ó minha Amada, a sorte ímpia
Quanto de meu gozava
Num só funesto dia;
Honras de maioral, manada grossa,
Fértil, extensa herdade,
Bem reparada choça.
Meteu-se nesta infame sepultura,
Que é sepulcro sem honras,
Breve masmorra, escura.
Aqui, ó minha amada, nem consigo
Venho outro desgraçado
Sentir também comigo:
Mas esta companhia não mereço,
Os Deuses me dão outra,
Ainda de mais apreço.
Não é, não, ilusão o que te digo;
Tu mesma me acompanhas;
Peno, mas é contigo.
Não vejo as tuas faces graciosas,
Os teus soltos cabelos,
As tuas mãos mimosas.
Se eu as visse, infeliz me não dissera,
Bem que subira ao Potro
Bem que na Cruz pendera.
Não ouço as tuas vozes magoadas,
Com ardentes suspiros
Às vezes mal formadas.
Mas vejo, ó cara, as tuas letras belas,
Uma por um beijo,
E choro então sobre elas.
Tu me dizes que siga o meu destino;
Que o teu amor na ausência
Será leal, e fino.
De novo a carta ao coração aperto,
De novo a molha o pranto,
Que de ternura verto.
Ah! leve muito embora o duro Fado
A tudo, quanto tenho
Com meu suor ganhado.
Eu juro que do roubo nem me queixe,
Contanto, ó minha cara,
Que este só bem me deixe.
Que males voluntários não sentiram,
Os que te amam, somente
Porque menos te ouviram?
Dê pois aos mais seus bens a Deusa cega;
Que eu tenho aquela glória,
Que a mil felizes nega.
Interpretação
Um poema triste, escrito por Tomás enquanto ele estava preso, longe de sua amada. Essa lira foi escrita após Tomás receber uma carta de sua amada o liberando para viver sua vida, afinal, depois da Ilha das Cobras, era certo que Tomás iria para outro lugar, nunca mais para Minas. O sofrimento de Tomás, ao escrever essa lira, é facilmente perceptível. É um poema que demonstra o quando ele sofria por estar preso naquela masmorra e acima disso, por estar longe de sua amada, por não poder vê-la, não poder ver sua face graciosa, seus cabelos soltos e suas mãos mimosas. Apenas ver suas letras formando palavras de adeus, pois não poderiam mais ficar juntos. No trecho da lira a seguir, podemos identificar facilmente esse sofrimento de Tomás:
“Não ouço as tuas vozes magoadas,
Com ardentes suspiros
Às vezes mal formadas.
Mas vejo, ó cara, as tuas letras belas,
Uma por um beijo,
E choro então sobre elas.
Tu me dizes que siga o meu destino;
Que o teu amor na ausência
Será leal, e fino.
De novo a carta ao coração aperto,
De novo a molha o pranto,
Que de ternura verto.”
Características Arcadismo e da Lira
É uma lira escrita na 1ª pessoa do singular. As características do arcadismo encontradas na lira são:
Glossário
Comentário Histórico
A lira pertence à segunda parte do livro que foi escrita enquanto Dirceu estava na prisão, na masmorra da Ilha das Cobras. Ele havia sido preso por causa da Inconfidência Mineira. Quando ele escreve essa lira, ele está com a carta, que Maria haveria enviado para ele, em mãos. Há hipóteses geradas através de pesquisas que apontam que quem fez a carta chegar à ele foi a concubina de Tiradentes. Na carta Maria também estaria “libertando” Tomás, pelo fato de que naquela época ele havia assumido um compromisso de casamento com ela. Ele foi preso uma semana antes de seu casamento. E ele teria um compromisso eterno firmado com a família se a moça não o libertasse. E ela o liberta por que afinal, nada iria sobrar para eles após a caça às bruxas, ele jamais seria perdoado.
Há hipóteses também de que Maria ainda teria tentado conseguir o perdão da rainha de Portugal para Tomás, correndo o risco de também ser considerada uma traidora. Mas o pedido não teria sido atendido.
Milena Carneiro, nº 26, 1º ano G.
Quanto de meu gozava
Num só funesto dia;
Honras de maioral, manada grossa,
Fértil, extensa herdade,
Bem reparada choça.
Meteu-se nesta infame sepultura,
Que é sepulcro sem honras,
Breve masmorra, escura.
Aqui, ó minha amada, nem consigo
Venho outro desgraçado
Sentir também comigo:
Mas esta companhia não mereço,
Os Deuses me dão outra,
Ainda de mais apreço.
Não é, não, ilusão o que te digo;
Tu mesma me acompanhas;
Peno, mas é contigo.
Não vejo as tuas faces graciosas,
Os teus soltos cabelos,
As tuas mãos mimosas.
Se eu as visse, infeliz me não dissera,
Bem que subira ao Potro
Bem que na Cruz pendera.
Não ouço as tuas vozes magoadas,
Com ardentes suspiros
Às vezes mal formadas.
Mas vejo, ó cara, as tuas letras belas,
Uma por um beijo,
E choro então sobre elas.
Tu me dizes que siga o meu destino;
Que o teu amor na ausência
Será leal, e fino.
De novo a carta ao coração aperto,
De novo a molha o pranto,
Que de ternura verto.
Ah! leve muito embora o duro Fado
A tudo, quanto tenho
Com meu suor ganhado.
Eu juro que do roubo nem me queixe,
Contanto, ó minha cara,
Que este só bem me deixe.
Que males voluntários não sentiram,
Os que te amam, somente
Porque menos te ouviram?
Dê pois aos mais seus bens a Deusa cega;
Que eu tenho aquela glória,
Que a mil felizes nega.
Interpretação
Um poema triste, escrito por Tomás enquanto ele estava preso, longe de sua amada. Essa lira foi escrita após Tomás receber uma carta de sua amada o liberando para viver sua vida, afinal, depois da Ilha das Cobras, era certo que Tomás iria para outro lugar, nunca mais para Minas. O sofrimento de Tomás, ao escrever essa lira, é facilmente perceptível. É um poema que demonstra o quando ele sofria por estar preso naquela masmorra e acima disso, por estar longe de sua amada, por não poder vê-la, não poder ver sua face graciosa, seus cabelos soltos e suas mãos mimosas. Apenas ver suas letras formando palavras de adeus, pois não poderiam mais ficar juntos. No trecho da lira a seguir, podemos identificar facilmente esse sofrimento de Tomás:
“Não ouço as tuas vozes magoadas,
Com ardentes suspiros
Às vezes mal formadas.
Mas vejo, ó cara, as tuas letras belas,
Uma por um beijo,
E choro então sobre elas.
Tu me dizes que siga o meu destino;
Que o teu amor na ausência
Será leal, e fino.
De novo a carta ao coração aperto,
De novo a molha o pranto,
Que de ternura verto.”
Características Arcadismo e da Lira
É uma lira escrita na 1ª pessoa do singular. As características do arcadismo encontradas na lira são:
- menção à natureza e a vida simples, pastoril;
- Pastoralismo: poetas simples e humildes;
- tom confessional;
- espontaneidade dos sentimentos;
- exaltação da pureza, da ingenuidade e da beleza
Glossário
- Funesto: adj. Que provoca a morte, a desgraça: acidente funesto. Nocivo, fatal.
- Herdade: s.f. Grande propriedade rural, geralmente composta de montados, terras de semeadura e casa de habitação; quinta.
- Choça: Palhoça, cabana, choupana. Própria das florestas tropicais.
- Infame: Que provoca desprezo e repugnância por ser de péssima qualidade ou por possuir má aparência: comentário infame; vestido infame.
- Verto: derramo; entorno; esparjo; esparzo.
Comentário Histórico
A lira pertence à segunda parte do livro que foi escrita enquanto Dirceu estava na prisão, na masmorra da Ilha das Cobras. Ele havia sido preso por causa da Inconfidência Mineira. Quando ele escreve essa lira, ele está com a carta, que Maria haveria enviado para ele, em mãos. Há hipóteses geradas através de pesquisas que apontam que quem fez a carta chegar à ele foi a concubina de Tiradentes. Na carta Maria também estaria “libertando” Tomás, pelo fato de que naquela época ele havia assumido um compromisso de casamento com ela. Ele foi preso uma semana antes de seu casamento. E ele teria um compromisso eterno firmado com a família se a moça não o libertasse. E ela o liberta por que afinal, nada iria sobrar para eles após a caça às bruxas, ele jamais seria perdoado.
Há hipóteses também de que Maria ainda teria tentado conseguir o perdão da rainha de Portugal para Tomás, correndo o risco de também ser considerada uma traidora. Mas o pedido não teria sido atendido.
Milena achei seu trabalho muito bom e organizado ,eu achei que o melhor foi o comentário histórico que foi bastante informativo
ResponderExcluirNome: Gabriel Paiva Macêdo
Turma: G
N°: 12
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirAchei Toda a sua análise boa e bem interessante, como eu falei no primeiro comentário quanto mais detalhes melhor compreensão.ficou ótimo.
ResponderExcluirAluna:Letícia Albudane França
Nº: 37 1º Ano G
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirCara Milena seu trabalho está completo e bem informativo, contudo percebo que quando você coloca na interpretação da lira percebi que o "roubo" como é descrito na primeira estrofe do poema é na verdade o sequestro legal de todos os bens de Tomás ou Dirceu, e não um rompimento entre os dois como foi colocado, isso é apenas um detalhe que eu observei ao ler a interpretação, desculpe me se eu estiver equivocado, obrigado pela atenção.
ResponderExcluirGabriel Rezende de Lima Mendes N°39 1°G
Você está certo em relação ao roubo. Mas quando eu coloquei sobre o rompimento dos dois, eu não estava me referindo à essa parte do roubo, e sim ao final da lira, quando ele diz que ela fala através da carta, para ele seguir seu destino. Mas obrigada pelo comentário!
ExcluirMilena Carneiro, nº 26, 1º ano G.
Milena nesse seu trabalho você foi objetiva e realista com que a lira esta nos querendo falar, dessa vez você foi direto no assunto e não ficou um texto cansativo para o leitor.
ResponderExcluirPabllo Matheus turma:g n°:28