quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Soneto III, 3ª parte.

Enganei-me, enganei-me - paciência!
Acreditei às vezes, cri, Ormia,
Que a tua singeleza igualaria
A tua mais que angélica aparência.

Enganei-me, enganei-me - paciência!
Ao menos conheci que não devia
Pôr nas mãos de uma externa galhardia
O prazer, o sossego e a inocência.

Enganei-me, cruel, com teu semblante,
E nada me admiro de faltares,
Que esse teu sexo nunca foi constante.

Mas tu perdeste mais em me enganares:
Que tu não acharás um firme amante,
E eu posso de traidoras ter milhares.


Interpretação

Nesse poema Dirceu demonstra claramente seu desapontamento, mostrando a decepção pela qual passou e a inocência que tinha antes disso. Ele está realmente frustrado por ter sido enganado. E mostra até mesmo que acabou se deixando levar pelas aparências, como no trecho:

“Acreditei às vezes, cri, Ormia,
Que a tua singeleza igualaria
A tua mais que angélica aparência.”

No final ele ainda tenta se justificar afirmando que por mais que ele tenha sido enganado, ela nunca mais conseguirá ter um amante como ele, ao contrário dele, que afirma que poderia conseguir muitas outras iguais à ela.


Características do Arcadismo na lira

A característica do arcadismo mais visível nesse poema é a forma objetiva como ele escreve, indo diretamente ao ponto principal, ao foco do poema. O soneto também é composto por uma linguagem clara e objetiva. O poema optou por não utilizar muitas palavras que apenas enfeitariam o texto. Um soneto simples, porém rico, que usa as palavras com precisão, e Tomás permanece com o uso de pseudônimos.

Glossário

  •  Singeleza: Simplicidade, ingenuidade.
  •  Galhardia: Elegância, gentileza, generosidade, ânimo, distinção

Contexto Histórico


Os sonetos contidos nessa parte do livro não têm uma cronologia certa, fazendo com que seu contexto histórico seja feito, em grande parte, por deduções. Portanto, a 3ª parte do livro é bastante confusa, ao ponto de que muitos pesquisadores acreditam na possibilidade desta não ter sido escrita por Tomás, e que pode não se tratar apenas de Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão. E há hipóteses de que os sonetos tenham sido escritos após o exílio de Tomás, em um período onde ele já teria superado o fato de nunca poder ficar com sua amada, Maria. E onde ele estaria casado com Juliana de Sousa Mascarenhas, com quem teria tido dois filhos.


Milena Carneiro, nº 26, 1º ano G.

2 comentários:

  1. Milena você foi muito objetiva no seu trabalho, seu contexto foi muito e sua interpretação.

    Pabllo N°:28 1g

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  2. Milena sua interpretação sobre o soneto está impecável, você foi direta e objetiva, parabéns.

    Aluno: Gabriel Rezende de Lima Mendes N°39 1°G

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